Em 1974, recém-chegada em S.Paulo, vinda de uma numerosa família de Belém -Pará, conheci a Ruth G. da Costa Lopes, ambas calouras da PUC -SP, e desde então uma grande amiga. A primeira vez que fui ao pequeno apartamento na rua Barata Ribeiro, a família estava reunida para ir a um restaurante, para comemorar algo, noivado do Rui e Susy?! Eu, muito ansiosa com esse encontro, fui recebida de uma forma peculiar, com muito carinho, em uma sala pequena onde transbordava acolhimento. Lindas samambaias - muito bem cuidadas -, e um assoalho de taco amarelo reluzente, com direito a me deliciar no enorme puff acolhedor. D. Fanny, com seu sorriso largo, olhar brilhante, me abraçou, como se fossemos queridas e velhas amigas! Me senti uma menininha tão protegida (ela tão alta para os nossos padrões do Norte) e logo fui brindada com músicas tocadas em uma vitrola, Rosa, como estás morena Rosa ... e a música do Chico que fala das comidas de Belém: Não existe pecado ao sul do equador... Foi o início de uma grande e duradoura amizade por essa velha-jovem senhora e sua família.
Após as aulas, eram frequentes os estudos na casa de D. Fanny, e em uma ocasião, ainda no início de nossa convivência, Silvio, então meu namorado, às duas horas da manhã ligou de Belém, para falar comigo , não havia celular nessa época ... D.Fanny então teve que se levantar para atender o telefone, que ficava na sala .. Quase morri de vergonha! Porém, de manhã, esperando um puxão de orelhas, ela me diz “- Ah! Tãão lindo! RRROSINHAA! Isso mostra que ele gosta muito da RRRosinha! Isso é mesmo formidável, não éé?” Esse episódio, aparentemente simples, representou empatia e muito carinho. A couve e bacalhau cozidos, o pão com manteiga açúcar e/ou chocolate por cima, o bolo de banana acompanhado de um delicioso cafezinho oferecido com tanto amor, ainda trago na memória mesmo passados 49 anos.
Quanta admiração eu sentia ao ver D.Fanny dirigir um fusca de S.Paulo a S. Bernardo para dar aulas de alemão aos funcionários da Volks, subindo ladeiras do bairro de Perdizes, o que para mim, se constituía em um tremendo desafio já que Belém é uma cidade totalmente plana… Ela tinha aprendido a dirigir aos 60 anos!?
Até há pouco tempo ministrava aulas de alemão, em casa, lançando mão de lupas e recursos modernos do computador.
E as fotos recentes de D.Fanny praticando natação!? São inspiradoras.
Sua alegria, seu sorriso radiante, sua atenção e afeto no tratar com as pessoas são um marco. A vejo como uma senhora inteligente, forte que, com sabedoria e amor conseguiu superar dificuldades que imagino tenha vivido.
Parabéns D.Fanny , sou sempre grata por ter tido o privilégio de conhecê-la.
D. Fanny exala amor , cuidado , afeto e muito carinho. Sempre elegantemente vestida com cores alegres e um colar combinando, refletindo o estado da sua alma!
Nada se compara ao seu RRRROSINHA …